Motoqueiro ou Motociclista?
Antônio Fernandes (*)
Quando
finalmente decidi comprar uma moto, minha mulher e filhos tiveram
reações muito diversas. Primeiro a patroa me olhou com àquele ar de
espanto, onde pude sentir a dúvida: com essa idade?
Meu
filho, também piloto, foi direto, com essa idade não seria tão fácil o
aprendizado pois a moto exige mais reflexos e controle que um automóvel
de quatro rodas e completou, “vai se matar”.
Gente,
confesso que me senti esquisito. Sei que se preocupam comigo, mas tal
qual o dia em que meu filho comprou sua primeira moto ( Honda CG 150), o
coração da patroa e o meu gelaram, fiquei feliz pelas falas. Durante
anos toda a dedicação foi destinada à família e aos filhos. Nos altos e
baixos da vida, sabe-se que pouco sobra para colocar em prática os
sonhos da juventude. Agora, convicto que o que melhor restava até o fim
da vida, junto com a patroa, era pilotar uma moto. Esperei o momento
certo e a moto que mais se adequava ao meu perfil.
Não
demorou muito, um amigo (João), informou que um conhecido estaria
vendendo uma Falcon NX 4. Como se diz, ‘foi o pino’, amor a primeira
vista, não deu outra, dois dias depois ela estava na minha garagem. Foi
um alvoroço, bem porque, não tinha habilitação para moto e nunca havia
pilotado, imagina então uma Falcon.
Feito
a compra e os constantes namoros na garagem, legalizei minha
responsabilidade em pilotar e não parei mais. Até agora foram três
tombos, graças que não houve dano a moto.
Atualmente
me sinto mais a vontade e mais responsável na estrada, bem porque como
se costuma dizer, “ você é o para-choque” e moto meu amigo – “não tem
freio”, pois tudo é caso de fração de segundos. Tolo e àquele que pensa
que tem freio. Há um ditado antigo que adaptei, ou seja, canja de
calinha e prudência na pilotagem não fazem mal em hipótese alguma.
Mas foi só o começo, familiarizado com minha “pretinha”, opa,
não desejo aqui ser homofóbico, mas este é o apelido carinhoso de minha
moto, fui além, entrei num Moto-clube. Sem mais comentários sobre ele,
afinal de conta, estou secretário.
Mas
todo essa história acima vem para tentar dirimir uma dúvida que hoje
não mais a tenho, mas que gera muito polêmica em quase todos os
encontros que participo. Afinal de contas, sou motoqueiro ou
motociclista?
Fui a luta, melhor dizendo às pesquisas e hoje, apesar ainda da polêmica que gera a conversa não tenho dúvidas, SOU MOTOCICLISTA. Claro que em aprendizado, mas convicto.
Recentemente
consegui um artigo que basicamente solucionou minhas dúvidas, pois
exprime também meu pensar sobre o tema. Seu autor é André Balbino, do
Jornal Caleidoscópio, que sugiro acompanhem as matérias. São Muito boas.
Em
síntese o autor indica diferenças simples entre as designações mais
relevantes quando se trata de contexto social. Relata ele:
“O motociclista é o cara que ama sua moto, cuida com todo amor e carinho como se fosse alguém da família, respeita as leis de trânsito, e usa os equipamentos de segurança corretos”.
“O motociclista é o cara que ama sua moto, cuida com todo amor e carinho como se fosse alguém da família, respeita as leis de trânsito, e usa os equipamentos de segurança corretos”.
E
complementa: “O motoqueiro é aquele que não cuida da moto, não se
preocupa com manutenção, faz manobras arriscadas no meio do trânsito,
arriscando sua vida e a de terceiros, chuta portas dos carros e faz tudo
o que possa ser ilegal em cima de uma moto.”
Alerto que essa atitude independe como bem disse ele, do tamanho da moto, pois vemos pelas estradas pilotos em motocicletas de altas cilindradas, cometendo horrores, fator que prejudica a imagem do motociclismo.
Alerto que essa atitude independe como bem disse ele, do tamanho da moto, pois vemos pelas estradas pilotos em motocicletas de altas cilindradas, cometendo horrores, fator que prejudica a imagem do motociclismo.
E vai adiante o colunista. “O motociclista
se preocupa com sua imagem perante a sociedade, pois, muitas pessoas,
por incrível que pareça ainda os vêem com discriminação julgando-os
muitas vezes pela aparência e não pelo que realmente são. Os motociclistas
se respeitam independente da condição social ou do tamanho da moto,
quando estão em um evento não se faz diferença entre um faxineiro e um
presidente de uma multinacional, pois o motivo de estarem ali é o mesmo,
são apaixonados por motos.”
Espero
realmente que este editorial tenha conseguido dirimir algumas
dúvidas, pois ser motociclista ou motoqueiro, não nos exime de respeitar
as leis e os demais no trânsito. Estou certo que o tema não se extingue
aqui, pois o correto é estarmos sempre aprimorando nossas qualidades em
pilotar e ao mesmo tempo abastecendo nossa memória com conhecimento
aplicável de fontes confiáveis.
De
regra geral, motociclista ou motoqueiro, temos que ter em mente a
ausência de conflito, atentos mais aos deveres que aos direitos, pois a
cada direito, há um dever correspondente.
(*) Antônio Fernandes é também editor do Blog: wwwcaprona.blogspot.com.
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